sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Hiperatividade ou Ansiedade?

Tenho percebido que alguns pais chegam ao consultório relatando queixas sobre o comportamento inquieto de seu filho, e que tal comportamento interfere tanto em casa como na escola e em outras atividades.
E a primeira pergunta que eles geralmente fazem é: "Será que meu filho é hiperativo?"
Bem, a hiperatividade, ou melhor, o Transtorno de Déficit de Antenção e Hiperatividade- TDAH é um transtorno que pode ser diagnosticado por psiquiatras e neuropsiquiatras infanto-juvenis. Há 03 tipos de TDAH: o que prevalece a desatenção, o que prevalece a hiperatividade e o combinado, onde os dois prevalecem.
No caso da criança receber o diagnóstico do TDAH, geralmente o profissional prescreve medicação para ela ter mais facilidade para se concentrar. Além do diagnóstico, muitas vezes os pais procuram psicoterapia para as crianças e para a família, a fim de serem orientadas sobre como facilitar o dia-a-dia dessas crianças,  além de poder trabalhar os sentimentos da criança, porque às vezes com as dificuldades que a criança teve antes do diagnóstico, ela pode apresentar algumas crenças disfuncionais sobre si mesma, como "eu não sou capaz", "eu sou bagunceira", "eu não sei fazer nada". E a psicoterapia ajuda essa criança a se conhecer e perceber que tem crenças que podem não ser verdadeiras e ressignifica-las.
E quando meu filho não é hiperativo, mas apresenta comportamento de inquietação?
Provavelmente é uma criança ansiosa, muito ansiosa. E os pais são peça chave para ajudar a diminuir tal ansiedade. Como fazer isso? Bem, geralmente crianças ansiosas tem pais ou alguém da família que também tem sentimentos de ansiedade. Quando nos sentimos ansiosos, cobramos muito da gente e possivelmente do outro e acabamos não vendo as coisas positivas nas crianças. Esquecemos de elogiar, de reforçar, de valorizar o que elas fazem de positivo. Isso não quer dizer que devemos esquecer de dar uma consequência, uma punição no caso da criança apresentar algum comportamento inadequado. Mas a consequência/punição deve ser pensada. Muitas vezes na hora da raiva, falamos: "Você nunca mais vai ver esse videogame!" E nós mesmos sabemos que esse nunca mais é tempo demais. Ou então: "Você só vai ter o computador de volta quando melhorar suas notas!" Fazendo uma analogia um pouco exagerada: Se eu roubar, eu vou ser presa e pagar pelo delito cometido, certo? Eu não precisaria provar pro juiz ou pra sociedade que eu melhorei tal aspecto para ter minha liberdade de volta. A criança precisa ter o castigo referente ao comportamento inadequado que ela teve. Se ela mentiu, vou punir de acordo com o tamanho da mentira, pois o castigo precisa ser coerente ao comportamento inadequado. Se eu mentir vou ficar 02 semanas sem o videogame. A criança precisa saber onde está pisando para sentir-se segura. Se ela só tiver consequências exageradas de um comportamento inadequado que ela teve, ela vai ter muito medo de fazer qualquer coisa errada, das mais simples às mais complexas. É aí onde a insegurança e ansiedade aparecem.
Ah, importante: o Transtorno de Ansiedade também é diagnosticado pelo mesmo profissional que identifica o TDAH, no caso, o psiquiatra ou neuropsiquiatra infanto-juvenil.

Sugestão de leitura: Eduque com carinho, de Lidia Weber